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Gestão de alertas: como evitar ruído e priorizar o que importa

Gestão de alertas: como evitar ruído e priorizar o que importa

Imagine trabalhar em um SOC onde centenas de alertas chegam diariamente, mas apenas uma pequena fração representa riscos reais para o negócio. Essa é a realidade de muitas organizações hoje: um mar de notificações que consome tempo, energia e, principalmente, a atenção das equipes de segurança, desviada do que realmente importa.

A verdadeira maturidade de um SOC não está em gerar milhares de alertas por dia, mas sim, em conseguir interpretá-los com inteligência, contexto e agilidade.

Por que recebemos tantos alertas irrelevantes? Como reduzir ruídos e priorizar corretamente alertas? Quais são as métricas que ajudam a identificar possíveis problemas? Neste artigo, vamos falar sobre a gestão de alertas: como evitar ruído e priorizar o que importa. Foi pensado para ajudar profissionais que atuam na triagem e investigação de alertas, respondendo essas perguntas e trazendo algumas boas práticas.

além do SOC tradicional. Gere inteligência de defesa proativa e insights de ataques. Reduza drasticamente o tempo de resposta na ponta. Fortaleça a continuidade do negócio. SAIBA MAIS.

Por que recebemos tantos alertas irrelevantes?

1) Regras mal configuradas no SIEM. O que gera um excesso de alertas de baixo impacto, transformando o console de segurança em um festival de notificações sem valor real.

2) Integrações redundantes entre diferentes ferramentas de segurança. Não é incomum vermos duplicidade entre EDR, NDR e firewall. Com isso, o mesmo evento é reportado múltiplas vezes por sistemas diferentes, inflando artificialmente o volume de alertas.

3) Falta de tuning adequado para o ambiente real da organização. Isso quer dizer que, muitas vezes, as regras são implementadas com configurações padrão que não consideram as particularidades do negócio. O resultado? Alertas que fazem sentido em teoria, mas não prática. Por exemplo: na teoria, qualquer acesso após 18h ou fins de semana pode indicar atividade maliciosa. Mas, na prática, pode ser que a empresa tenha equipes fora do país, portanto com fusos horários diferentes, ou funcionários de suporte que façam plantão 24/7.

4) Ausência de correlação ou contexto adequado. Um caso clássico, de novo, é o alerta de login fora do horário comercial. Sem contexto adicional, pode ser interpretado como um ataque. Na verdade, é só um colaborador trabalhando em casa ou um sistema automatizado executando rotinas de manutenção.

Menos ruído, mais assertividade

O excesso de alertas irrelevantes — o chamado ruído — afeta diretamente a capacidade de resposta da equipe basicamente de três formas críticas:

Primeiro, provocando fadiga nos analistas. Quando profissionais altamente qualificados passam horas processando alertas sem valor, isso gera sentimentos como desmotivação e frustração. O resultado é percebido na qualidade da análise.

Além disso, o excesso de alertas aumenta, e muito, o risco de incidentes reais acabarem passando despercebidos. Em meio a tantos falsos positivos, um ataque verdadeiro pode se camuflar, aproveitando-se da sobrecarga cognitiva da equipe. É como diferenciar uma agulha em um palheiro.

E por fim, a confiança da própria operação de segurança fica comprometida. Se alertas críticos são sempre irrelevantes, a tendência é a equipe desenvolver uma postura mais despreocupada, potencialmente ignorando sinais verdadeiros de comprometimento.

Redução de ruídos e priorização de alertas

Tuning contínuo das regras de detecção: esta é a primeira linha de defesa contra o ruído. Isso significa revisar regularmente as configurações do SIEM, analisar padrões de falsos positivos e ajustar limiares com base no comportamento real do ambiente.

Implementação de listas de supressão (suppressions) e allowlists: fundamental para filtrar atividades conhecidas e legítimas. Por exemplo, se determinados IPs corporativos geram consistentemente alertas benignos, eles devem ser incluídos em allowlists apropriadas.

Uso de contexto (CMDB, identidade, horário, geolocalização): transforma alertas genéricos em informações acionáveis. Integrar dados de CMDB (Configuration Management Database), sistemas de identidade, informações de geolocalização e horários de trabalho permite que os analistas compreendam rapidamente se um alerta merece investigação imediata.

Integração de Threat Intelligence com relevância: enriquece alertas com informações sobre campanhas ativas, TTPs (Tactics, Techniques, and Procedures) conhecidas e indicadores de comprometimento atualizados. No entanto, é crucial que essa inteligência seja filtrada para manter relevância com o perfil de risco da organização.

Classificação por criticidade: deve considerar três dimensões, que são a criticidade do ativo envolvido, o tipo de ameaça detectada e o risco potencial para o negócio. Um alerta de malware em um servidor de desenvolvimento pode ter prioridade diferente do mesmo alerta em um servidor de produção que processa dados financeiros.

Enriquecimento automático de alertas com contexto (feeds de inteligência): reduz significativamente o tempo de triagem. Feeds de threat intelligence, informações sobre vulnerabilidades conhecidas e dados de comportamento histórico devem ser automaticamente anexados aos alertas relevantes.

Alert scoring com base em comportamento e anomalia: utiliza algoritmos para atribuir pontuações que refletem a probabilidade de um alerta representar um risco real. Essa abordagem combina múltiplos fatores: desvio do comportamento normal, criticidade do ativo, horário do evento e correlação com outras atividades suspeitas.

Matriz de impacto versus probabilidade: oferece um framework visual para priorização, permitindo que alertas sejam categorizados não apenas pela severidade técnica, mas pelo risco real ao negócio.

Reduzir o ruído não é apenas uma questão técnica. É uma decisão estratégica.

Priorizar corretamente é entender o que realmente importa para o negócio. Alertas devem ser classificados com base na criticidade do ativo envolvido, na anomalia detectada, e na probabilidade de impacto. Integrar ferramentas, enriquecer alertas e aplicar lógica de risco são passos fundamentais para acertar nessa priorização.

Métricas que ajudam a identificar possíveis problemas

Volume de alertas por tipo/categoria, logsource, criticidade, tipos de atacantes: oferece insights sobre onde estão os maiores geradores de ruído. Analisar tendências por tipos de atacantes ou campanhas também ajuda a identificar gaps de detecção.

Taxa de falsos positivos: é uma métrica crítica que deve ser acompanhada regularmente. Uma taxa consistentemente alta indica necessidade de tuning urgente.

MTTD/MTTR e backlog de alertas: indicam a eficiência operacional do SOC.

Alertas ignorados ou não tratados: podem revelar problemas de processo, falta de recursos ou regras mal configuradas que geram alertas impossíveis de investigar adequadamente.

Boas práticas

Reuniões regulares de revisão entre equipes de Engenharia de SIEM, SOC e representantes do cliente garantem que as regras permaneçam alinhadas com as necessidades do negócio e as mudanças no ambiente.

Treinamento contínuo para analistas não apenas sobre novas ameaças, mas sobre o contexto do negócio e a criticidade de diferentes sistemas e processos.

Documentação viva de runbooks e playbooks atualizados que incluem critérios claros de severidade e escalação. Essa documentação deve ser tratada como um documento vivo, constantemente atualizada com base em lições aprendidas.

Participação do SOC na gestão de riscos corporativos garante que a priorização de alertas esteja alinhada com os riscos reais que a organização enfrenta.

Questione suas regras, revise seus fluxos, olhe seus alertas com espírito crítico, simplifique quando puder, automatize onde for seguro e priorize com inteligência. Porque em segurança, o que não é visto não é protegido, mas o que é mal interpretado, também não.

Gestão de alertas eficaz é, acima de tudo, gestão de atenção. Atenção do seu time, do seu processo e das suas ferramentas para aquilo que realmente importa.

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